domingo, 8 de dezembro de 2013

ESCOLHA LER OU NÃO



Nascemos sem saber o que nos espera. Na infância o máximo que precisamos é de um brinquedo e na maioria das vezes, àquele e pronto! Na adolescência nossas vontades são expostas de forma revoltante, quanto maior a crise mais fácil devocê ser atendido. Até que chega o momento de você escolher sua profissão (com cerca de 17 anos). Sem maturidade suficiente pra isso, agora não adianta você gritar, chorar ou se revoltar. Você tem que escolher. Daí pra frente as coisas passam a ser diferentes. Não demora muito e você começa ver mais de um caminho em várias situações.

Essas escolhas vão ficando cada vez mais difíceis, até que você se alie à elas. Sua escolha é escolher. Aquele ou esse trabalho? Falar isso para o amigo ou não? As questões muitas vezes fazem a gente fechar os olhos. A ansiedade começa a tomar conta do seu corpo que continua funcionando normalmente. Aí que eu tenho pena do nosso corpo. Porque não trabalhar junto com ele? Enquanto você pensa no futuro, suas celulas estão no presente, seu organismo é como uma máquina e tem horários. 

Geralmente quando estamos em um nível alto de ansiedade, o que nos acontece é ficarmos cego. Simplesmente não enxergamos o que está a nossa frente e às vezes alguém te dá uma sugestão tão simples que você se questiona: como não pensei isso antes? 

A vida é feita de escolhas e mesmo que ansiedade tape seus olhos, quando você conseguir enxergar vai abri-los e perceber que a sua vida está uma obra de arte, mesmo que esteja em um momento de dificuldade. Afinal, dificuldade são aliadas do nosso crescimento. 

Temos que seguir tomando nossas decisões e não termos medo de dar um passo a frente. Afinal nunca vivemos duas vezes para saber qual seria a escolha certa e também nem é necessário, um dia entenderemos cada passo dado. Tenha as escolhas como aliadas. Sorri pra vida que a vida vai sorrir pra você.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

O QUE ACONTECE COM ALGUMAS ATENDENTES?




Você aperta o interfone de um escritório. Na maioria das vezes que faço isto, fico impressionada com a capacidade de resolver situações de algumas recepcionistas. O diálogo entre a atendente e eu. Ela fala:
- Oi!
- Gostaria de falar com a contabilista.
- Ela não tá.
Uma pausa. A pausa continua na esperança de que ela ofereça ajuda. A pausa fica demorada e você responde a questão que ela não fez:
- Você pode me ajudar? Eu preciso assinar um documento.
- Pois é, mas a contabilista não tá. Como que faz?
Nesse momento faz aquela cara de assustada, pensativa e calma, tudo ao mesmo tempo. E decidi fazer o exercício de inspira e expira três vezes. E fala:
- Eu posso esperar.
- Tá bom.
Até ela chegar para abrir a porta, você já a imagina. E ela chega do jeito que você pensava: mascando chiclete e arrastando a rasteirinha. Você decidi perguntar:
- Ela vai demorar?
- Não sei, ela saiu pra rua.
- Obrigada pela ajuda. Desejo que você encontre um atendimento tão bom quanto o que você me deu.
Pausa. E você percebe a última frase foi um desejo do se pensamento.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

PROGRAMA MAIS COMPAIXÃO

O problema da saúde no Brasil vai muito além do projeto Mais Médicos. Isso se encaixa em todos que utilizam o serviço público, especialmente quando você é a vítima do descaso. Minha avó foi uma delas. 

Estávamos no hospital, veja bem, em um HOSPITAL, lugar onde vamos pedir socorro. Ela chegou às 15h e até às 22h, tinha recebido somente soro.  Os exames realizados na chegada foram avaliados apenas às 20h (cinco horas sem assistência)  e ela estava com pneumonia. O coração dela começou a parar às 22h30 e durante cerca de 5 minutos pedimos por socorro, gritamos desesperados e ninguém, isso mesmo, NINGUÉM! Nenhum enfermeiro e muito menos médico foi socorrê-la. Ela não resistiu. Sim, minha avó era idosa e isso não é justificativa para não socorrê-la. E segundo o médico que estava lá, ele tinha outras prioridades. 

E assim como ele, existem muitos escolhendo quem morre. Talvez por falta de profissionais no mercado ou por falta de humanismo mesmo. Faltam médicos humanos, solidários e amorosos. Médicos que veja o paciente como pessoa e não como uma panela. Médicos que tenham compaixão de quem está no leito. 

Sabe quando escutamos nos noticiários sobre as manifestações: “um pequeno grupo de vândalos? Na medicina é a mesma coisa, existe esse bando.

Aliás, o problema é a equipe inteira. Na situação que vivi com a minha avó, vi enfermeiros frios e profissionais que negaram medicamentos. Alguém que está a beira da morte espera por remédios?

Ah sim. Não seremos injustos. Falta infraestrutura nos hospitais (mas este não era o caso da minha avó). E convenhamos: como um jornalista trabalha sem caneta? Um nutricionista sem balança? Ou o professor sem livros? 

Ahhhh, se Mais Médicos fosse a solução... Mas espero que estes profissionais cubanos cheguem aos lugares onde não há socorro, ou negam socorro, como aconteceu com minha avó. E espero que sejam exemplos de inovação, mas não por trazerem tecnologia, mas por trazerem amor. 

O assunto é daqueles que você vai analisando, o leque vai se abrindo, o tecido da manga vai crescendo e você percebe que tanta sujeira é fruto do dinheiro e que estamos nesta selva ditada pela capitalismo. 

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

O ÚLTIMO PONTO

Ela chega sem avisar, sem nos preparar. Chega sem ser convidada e leva. Não satisfeita, leva a pessoa mais especial. Aquela que te explica o sentido da vida, que te mostrou um passarinho fazendo um ninho, que explicou como se planta e se cuida de flores. Aquela pessoa que quando tem uma orquídea, a dela é a mais florida e não por acaso, as plantas, assim como os animais são parecidas com os donos. O que minha avó fazia com as orquídeas dela que sempre foram mais bonitas?

Quando acontece você não aceita e pensa: quem é essa tal de morte? Ninguém chamou ela aqui! Ela não vai levar, eu não deixei! O pensamento é tão simples quanto a vida, mas estamos falando de algo mais complexo. Ver aquela pessoa ali, sem vida, faz você se transformar em alguém autoritário: põe a alma dela aqui de volta agora!

Isso vai, uma, duas, três semanas. Até que você consegue mostrar seus dentes amarelos. Um sorriso tão inevitável quanto o choro. A diferença é que ele chega e não fica, mas as lágrimas... essas quando não estão no seu rosto, estão no seu coração. Ah sim, o coração.

Ele ficou muito pequeno pro meu corpo. Meus músculos se contraiam e na hora, o choro, aquele que vem fluído em filmes dramáticos, simplesmente some. Quando aparece, dói. É difícil tirá-lo lá de dentro. Você não quer aceitar, você está falando que não, então, porque colocá-lo pra fora? Você “manda” aqui.

Depois você se esquece. Você não existe mais e pra que se esforçar? O dia que eu mandei a morte ir embora, ela ficou... ela faz o que quer. Então, porque estamos aqui? Porque as pessoas compram carros de luxo? Porque apenas um tênis não é o suficiente, mas sim um bem caro? Você é tomado por porquês? E deseja, bem lá no fundo, ser uma criança pura. Aquela que não vê problemas em nada, e a morte é simples: ir para o céu.

Você se esquece tanto que começa aparecer doenças. A tosse é quase um grito de desespero, as manchas causadas por fungos no corpo são pra mostrar que este também vai apodrecer. Os músculos que ficaram pequenos agora estão doloridos. A pele está desidratada, você também a deixou de lado. As unhas que você fazia tanta questão de estarem pintadas, hoje só se lembra no momento em que elas machucarem seus braços ao coçá-los.

Depois disso, vem as crenças. São muitas e cada um com a sua. Todas são hipóteses.

Enquanto minha avó esteve aqui, foi a melhor. E eu viveria tudo de novo, mesmo que tivesse que perdê-la novamente, só pra vê-la. Mesmo que tivesse que sofrer, só por um abraço. A saudade toma o corpo, a mente. A saudade, a saudade... As lembranças, as fotos, as roupas e o cheiro. É difícil levá-la para o passado. Ela gostava... não, ela ainda gosta. E eu, continuo a amando, e muito.  

O texto não veio para explicar o que é a morte e assim como ela, ele acaba com um simples ponto final. 

terça-feira, 30 de julho de 2013

ADOLESCENTES ADULTOS

Sinônimo de conclusão de uma etapa da vida e muita vezes glamour na festa: a formatura. Na colação de grau, muita gente feliz! Alguns choram de tanta alegria, outros não vêem a hora de beber como se o mundo fosse acabar. E sim, para muitos destes pequenos adultos, eles vão chegar próximo ao fim do mundo: entrar no injusto mercado de trabalho.

Depois de cinco anos ou mais estudando, você com diploma na mão sai em busca de emprego. A boa notícia é que é fácil encontrar, a má é que na maioria das vezes o salário é uma merda. Em algumas áreas na realidade, você nem encontra  vagas e quando encontra, primeira coisa que você vê é o salário e depois os pré requisitos.
  • SALÁRIO 8 MIL
  • Idade mínima 23 anos;
  • Experiência de 20 anos;
  • Mestrado e doutorado na área;
  • PHD aceitável;
  • Fluência em inglês, espanhol, francês, italiano e mandarim.

Salário lindo! O problema é você se encaixar nestas exigências. E tem outra coisa: você tem pressa. Afinal seus pais ficaram doidos de repente. Há um mês atrás eles pagavam sua faculdade, sua moradia, alimentação, tudo que você precisava para viver. Hoje, você mora de favor na casa deles porque para os velhos, já é hora de você se mandar. Afinal, você já se formou, já pode ganhar dinheiro, ser auto suficiente e ainda ajudá-los nas despesas da casa. 

Ah, e se você explicar que o mercado está difícil, não se espante se seu pai se comparar com você:

- Na sua idade eu já morava sozinho.

É provável que na idade dele, ele já tinha você e seus irmãos. O mercado era outro. Se ele tivesse graduação então: rico! Naquela época, ensino superior já era um diferencial. E os imóveis eram cerca de 100% mais barato. E você responde: 

- Que bom que você tinha minha idade há 50 anos atrás. Desafio você a viver com a minha idade hoje!

Em síntese, situações incomparáveis. 

E se você for mulher e explicar para alguém que você quer sair da casa dos seus pais, é bem provável que você ouça:

- Porque você não se casa?

Oi!? Como se casar fosse a solução de todos os problemas. Você casa, mora com seu marido e viverá de suspiros. Quem fala isso geralmente se esquece de alguns detalhes.

Depois que me graduei já fui em muitas outras formaturas. E sempre me pego no meu pensamento sarcástico para os formandos: é melhor vocês não comemorarem!

quinta-feira, 25 de julho de 2013

AS ÁGUAS DOS OLHOS



Hoje chorei! Chorei por ter que escolher entre uma coisa necessária e um sonho. A vida é feita de escolhas e na maioria das vezes não são fáceis. Eu gosto de chorar e tento decifrar minhas lágrimas. Algumas vezes, vejo pessoas que dizem: não chore. Mas não sei se é bem isso que queremos ouvir. Se vejo alguém chorando, tento visualizar o que a lágrima quer dizer. 

Muitas vezes elas não estão pedindo soluções, elas clamam por outra coisa.  Se você parar e tentar decifrar o desenho úmido formado no rosto, você vai entender. Elas caem, passam por toda face e se encontram no queixo. Isso não é a toa. O envolvimento das lágrimas no rosto é uma metáfora para um pedido de "envolva-se" ou contorne seus braços em mim. Simples assim. 

Minha avó diz que chorar envelhece. Eu diria exatamente o contrário, chorar rejuvenesce. Isso pois acredito que o choro é quando a alma está sufocada. Quando ela chegou em um estado de tanta pressão que ela começa a transpirar. As lágrimas são a transpiração da alma. E deixar elas lá dentro, não vai dar boa coisa. Afinal, você não sabe o que cai junto com elas, talvez podem liberar até mesmo doenças.

Alguém que diz com orgulho que nunca chorou, eu tento entender. Não tenho dúvidas que seja uma projeção. Uma projeção de que gostaria de ter chorado muito mais ou então chorava escondido.

Por felicidade,  por amor, por tristeza ou raiva. Elas sempre vão estar dentro de você, esperando para sair. 

quinta-feira, 11 de julho de 2013

O QUE TE FAZ ACORDAR?



Ontem me perguntei o que me faz acordar todos os dias. Cheguei à conclusão, que não é trabalho, não é família, não são amigos e sim tudo isso. É amor pela vida. Mesmo que às vezes eu reclamo ou me pego chorando por achar que não existem saídas, mesmo que me decepciono. Nada como viver. Sem a vida nunca teria meus sorrisos, minhas lágrimas, minhas conquistas e minhas indecisões. Muitos dizem que sou indecisa e hoje rebato dizendo que sou muito decidida, pois não tenho dúvidas da minha escolha quando amanhece o dia. Quero ver minha família, rir das minhas amigas, cumprir meus deveres e sonhar, mesmo que às vezes não consigo escolher um único sonho, mas sonhar é meu combustível. Também gosto daqueles que me olham com uma energia pesada, estes me fazem crescer. Superar meus medos é conquistar orgulho próprio. Lembro que na minha adolescência, disse à minha mãe que não pedi pra nascer, hoje só tenho a agradecer. Ninguém disse que seria fácil. Viver é uma arte e a vida é justa com quem é justa com ela.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

CIDADE PEQUENA

É comum um visitante chegar e dizer: “charmosinha a cidade né!?”. Realmente é. Mas ninguém sabe o que passa nos bastidores dela.

Na cidade pequena é comum mãe e pai procurar parentes para os filhos. Ela fala:

- Sabe o Aristolfo Guimarães, irmão da Josefina Guimarães, neto do Josenvaldo. (Pausa).  Não? Seu primo filha, como não sabe? Vou levar você na casa deles um dia pra conhecer.

E eu ainda procuro entender a necessidade de encontrar parentes. E respondo:

- Mãe, me desculpe, mas já é difícil administrar os de primeiro grau quem dirá os mais distantes.

A economia desses municípios, gira em torno da agricultura, indústria, mineradoras ou comércio. Eu por exemplo, vivo em uma ilha, ao redor são crateras. As minas estão por toda parte e a cada dia descobrem mais um tipo de elemento que pode ser extraído e virar dinheiro.

Outro fato curioso é que tem sempre algum empresário de olho nestas cidadezinhas. Afinal, é possível trazer muitas novidades. Sempre que uma indústria vai abrir, fica uma expectativa em relação ao número de empregos que serão oferecidos. Quando anuncia as cem vagas, mobiliza inúmeros profissionais da cidade. Porém quando  percebemos todas as vagas já foram preenchidas e das cem, apenas dez pessoas que são da cidade conseguiram entrar para o quadro de funcionários da nova empresa. Destes, alguns estão se revesando na portaria vinte e quatro horas e os outros, foram selecionados para o setor de produção. Os bons cargos vieram de grandes cidades.


Além disso, aqui não é fácil arrumar namorado depois que você já teve um também residente do mesmo local. Quando você termina um relacionamento e quer começar outro, ninguém tem interesse em te conhecer. Afinal todos são amigos do seu ex. Ser solteiro ou solteira nessas condições não é fácil. Você já conhece boa parte das pessoas disponíveis e aquele (a) que te agradou, nasceu aqui mas hoje  mora em outro local em busca de oportunidades profissionais.

Por ter poucas opções de lazer, beber é a mais fácil. Tem um buteco em cada esquina, mas bons são poucos, talvez seis. Também é interessante como estes bares fecham cedo, aliás a cozinha fecha antes do bar. Então se você quiser comer depois da uma da manhã, só tem o cachorro quente ali da esquina de cinco reais. Outra coisa, sempre saia com dinheiro. Alguns lugares ainda não recebem cartão.

Aqui também não é tão seguro quanto pensam. Muitos dizem que vão morar nestes locais para que os filhos fiquem longe das drogas. É como qualquer grande centro ou pior. Elas são bem fáceis de ser encontradas e muitos utilizam para ter uma viagem sem sair do lugar. Afinal, a desculpa sempre é a mesma, tem poucas coisas pra fazer.

Assaltos nas ruas talvez não sejam tão comuns, mas em comércios são corriqueiros e aterrorizantes. Muitos bandidos saem dos grandes centros para virem praticar crimes aqui. Afinal não somos tão bem preparados para recebê-los e o pior é que se ele for preso, como profissional de cidade grande, ele dá aula e tira dúvidas no presídio. Deixando o crime ainda mais especializado no local.

Aqui é difícil encontrar manicure, maquiadores e cabeleireiros  Os que tem não são suficientes para as mulheres  Existe também o espírito da calma. As pessoas geralmente são bem tranquilas ao ponto de você marcar para arrumar o carro e esquecerem. Também acontece de você marcar com um maquiador para ir no casamento onde você é madrinha, ele sair na noite anterior e no outro dia não conseguir trabalhar. Também existem restaurantes que só atendem bem as pessoas “importantes”.

São consideradas importantes:  médicos,  fazendeiros, o cara que sempre ganha as licitações e os dois lados políticos. Quando minha mãe descobre que o médico tem o mesmo sobrenome que eu, ela já fala: Olha filha, seu parente.

Cidade pequena é assim, tem suas vantagens. Geralmente é lá que você encontra as melhores comidas e coisas que você nunca imaginou que existisse. Uma almôndega de carne de frango, boi e porco, tudo ao mesmo tempo. Um sanduíche melhor que os das redes de Fast Food. Se você vier na cidade onde moro por exemplo, será recebido por um céu bem azul, especialmente nos dias de inverno. Se for a noite as estrelas farão o papel de lhe dar boas vindas. Elas enfeitam o céu. É possível também ver as cadentes e ainda fazer pedidos! E o pôr do sol? (Suspiros). É apaixonante. A lua já vi ela na cor vermelha, laranja, amarela e prata. Ah, e por “não ter o que fazer”, o que tem, é bem feito. A cerveja é gelada e os amigos que se fazem nestas regiões são aqueles que você leva pro resto da vida. Mesmo se você morar em outra cidadezinha. 

segunda-feira, 17 de junho de 2013

NOSSOS VINTE CENTAVOS



São muitos. A maioria são jovens, mas a regra, não é esta. Aqui está presente quem quer trazer a renovação. Não é nenhum trio elétrico, nem uma alegoria de carnaval e muito menos futebol. O que leva a multidão, a olho nú não se encherga, mas o coração sente. São os brasileiros que cansaram de ver um país com tantas qualidades físicas e econômicas, sendo engolido pouco a pouco por bocas corruptas.

Quando as ruas de São Paulo foram tomadas por um tsunami de pessoas que tinha nas faces estampadas a indignação e ao mesmo tempo na voz, o grito de esperança, o contraste de energias ecoou Brasil afora. Ações que fizeram muitas pessoas pararem para pensar.

Nosso país, é nossa família. Sempre reclamei que falta um pouco de patriotismo nos nossos cidadãos, incluindo eu mesma. Mas quando nascemos não escolhemos onde, nem quando, nem quem será nossos pais. E mesmo com os problemas, continuamos amando nossos familiares. Sempre vamos defendê-los. É este sentimento que temos que ter em relação à nossa nação. Vamos valorizá-la e isto vai refletir em nós mesmos.

Coinscidência ou coisas do destino, tudo aconteceu junto ao segundo maior evento do futebol no mundo, a Copa das Confederações. País do futebol? Por que não? Mas agora NÃO DÁ. Os jogos não estão tão interessantes quanto almejamos, afinal os R$200 de um ingresso representam 30% do salário mínimo do brasileiro. Além disso, muitos esperavam que os eventos esportivos dariam ao Brasil uma nova estrutura e não foi isso que vimos. Vimos estádios de primeiro mundo e a educação no penúltimo lugar de acordo com uma pesquisa feita em 40 nações, atrás de países como México, Argentina e Chile.

Agora, o grito não é para o Brasil ser o campeão do futebol, mas para ser um país que respeita seus cidadãos. Um país que dê orgulho para quem more nele, uma nação que encheremos a boca para falar bem dela e que defenderemos com unhas e dentes. Queremos um Neymar, um Fenômeno, um Ronaldinho Gaúcho que saiba driblar os problemas e administrar de forma justa um país que habita quase 200 milhões de pessoas.

Queremos novas escolas, melhores salários para professores e crianças que sonham em ser educadores. Escolas que enchem os olhos da molecada. Queremos o suficiente para a saúde, nada excessivo. Queremos que os nossos produtos saiam dos portos a tempo de chegarem sem perder a qualidade nos outros países. Queremos uma reforma tributária para valorizar os empresários e consequentemente os trabalhadores. Almejamos melhores estradas e um sistema de transporte ferroviário de carga para desafogar as estradas que matam diariamente milhares de brasileiros. Queremos melhores estradas.  E que a segurança seja resultado da educação. E que a educação seja uma forma de levar os brasileirinhos à formarem opinião por eles mesmos. Queremos uma polícia preparada. Isto são os nossos vinte centavos.


Hoje estou orgulhosa por ver o futebol virar coadjuvante e as manifestações protagonistas no país verde amarelo. 

quinta-feira, 13 de junho de 2013

CORRIDA MALUCA


Nas vésperas do dia dos namorados as brincadeiras são sempre as mesmas.

- “Eu vou passar com Eldo, Eldedron”.

- “Eu vou passar com o Gaspar, Gasparzinho”

Cada um usa a criatividade para deixar a data menos monótona. Alguns dizem que nesta época é que a vontade de dormir aumenta, até toma remédio para pegarem no sono. Está certo que algumas coisas é suicídio sentimental, como por exemplo, escutar músicas sertanejas ou assistir filme romântico.

A data é como outra qualquer, o motivo dela estar aí é simplesmente pelo dia de Santo Antônio, 13 de junho. Mas como todas os outros dias comemorativos, quem realmente comemora são os comerciantes. Considerada a terceira melhor época de vendas do ano, as lojas chegam a aumentar o fluxo em 20% e os restaurantes e bares acabam não comportando tantos casais.

Sinto muito se você pensou que a data era uma oportunidade para se declarar, você pode fazer isso qualquer dia.

É uma dança da cadeira. Alguns estabelecimentos preferem não reservar mesa, eu concordo em partes. Outros deixam o jantar só a luz de velas e sem nenhuma recepcionista para te encaminhar para uma mesa vazia. Assim vira a brincadeira do “o gato mia”. Você chega toda arrumada no restaurante, saí procurando mesa e repara aquele casal que já acabou o vinho. Daí vocês dois se transformam em um casal de investigadores, de preferência Sr. e Sra. Smith. Vocês olham tanto para eles que se pedirem outra garrafa, cai no chão. Eles saem e agora é a sua vez, quando você está quase acabando seu cálice, você se identifica com aqueles dois que estão te olhando e resolve desistir do segundo vinho. Mas de repente lembra do casal da mesa vizinha que está saindo e pensa: o motel?

Daí começa a parte da corrida maluca. Vale qualquer jogo sujo para chegar primeiro. Mas não adianta, o engarrafamento, assim como os presentes, faz parte do romantismo do dia dos namorados. Amigos se encontram na fila, você fica tentando adivinhar quem está no carro da frente e pedindo pelo amor de Deus para que ninguém te veja.

Depois de muitos “te amo”, agora é hora de ir para as respectivas casas e ao invés de se preparem para o ano que vêm, façam isso em uma data comum e o conforto vai ser ainda melhor.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

O BANCO CANSA

Tem nome de banco mas não serve para sentar. Lá, tem muitos lugares para se abundar, "descansar" e observar o BANCO.

Quando você decidi ir ao banco (eu só vou para resolver pepino mesmo), é sempre sabendo que eu vou ficar no mínimo uma hora, se o atendimento for rápido, podendo chegar a três ou quatro horas esperando. Fico lá, parada, olhando aquele televisor, torcendo para que minha senha seja a próxima. Para mim é quase um sorteio da mega sena. Quando chega minha vez me imagino dando um pulo bem alto, com gritos da sonora: EU CONSEGUI!! Ao invés disso, me levanto, segurando o sorriso e pisando firme para mostrar que não gostei nadinha de esperar duas horas e vou caminhando em direção à luz: o atendente.

Antes disso fico torcendo (dou câimbra nos dedos por cruzá-los por muito tempo), para que as outras quinze pessoas que estavam na minha frente, tenham desistido e voltado para casa. Assim o barulhinho da senha fica mais frequente e vai virando música para meus ouvidos.

Cada um faz o que pode para o tic tac ser mais rápido. A senhora sentada do meu lado aproveita para estudar o livrinho colorido da legislação. O outro indivíduo decidiu limpar a capinha do celular. Para isso usou a própria blusa e é possível ver seu abdômen peludo e você faz aquela cara enrugada e contraída, de língua pra fora e lembra da frase da sua mãe: é caca. Outros dois amigos estão batento papo sobre vagas de emprego, o problema é que um está em uma fila e o outro na outra. E o mais esperto é aquele senhorzinho que consegue tirar um cochilo.

O serviço do banco  não é bom, mas o chão é ótimo. Noventa por cento dos clientes aguardam o serviço batendo o pé impacientemente. Daí você percebe que no papel da senha está escrito que o seu atendimento está disponível nas mesas de número um ao número cinco e que na verdade só tem dois atendentes e um deles acabou de ir almoçar. Ficamos em cerca de vinte pessoas para o cara da mesa dois se virar. Ah, na verdade tem o funcionário da mesa cinco, mas ainda não entendi quais são os casos que ele atende. Achava que era preferencial, mas chegou um senhor com andador que perguntou alguma coisa e o atendente falou alto e "educadamente": EU NÃO ENTENDO SOBRE ISSO. Na mesa dele tem uma mexerica, mas vou sugerir um maracujá.

Outro problema é que o banco fica aberto somente até as três horas da tarde. E você acaba tendo que gastar a folga que guardou para a viagem do final de semana.

No banco meu olho é clínico para cada funcionário. Reparo o que cada um faz. O que mais me mata é a demora para chamar a próxima senha. Esse tempo significa uns 30 segundos ou a eternidade. E é ai que um deles solta uma gargalhada que pra mim parece som de unha arranhando quadro negro. O ódio tem esse dom: fantasiar. A impaciência faz você pensar que aqueles trabalhadores não tem direito nem de se divertir no trabalho. Pensando bem, é melhor todo mundo levar maracujá para o banco.

Lá falta tudo: funcionário, salários melhores, motivação. Mas principalmente, um treinamento em uma rede de Fast Food Americana, assim poderia ser Fast Service Bank. Para ficar ainda melhor, só o combo: o lanchinho durante o atendimento.